Idade Média

8 janeiro 2012

Cluny: ‘alma da Idade Média’ ‒ III. Celeiro e moinho hoje museu

Filed under: Uncategorized — idademedia @ 3:20
Antigo celeiro de Cluny, andar superior. Hoje é museu
Sobre os prédios de Cluny (celeiro, torres, fachada, etc.) ver também:

A conservação dos alimentos foi sempre uma preocupação em toda sociedade organizada. Na Antiguidade encontram-se obras notáveis pelo engenho com que o problema foi solucionado.

A Bíblia nos fala do patriarca José aconselhando o faraó de Egito a acumulação de trigo para 7 anos de seca e fome que viriam. Os celeiros construídos então salvaram o povo egípcio e muitos outros de povos diversos que, acossados pela fome, acudiram ao Egito.

Andar superior do celeiro

A Bíblia fala também da sabedoria de Salomão rei-profeta erigindo prédios destinados a preservar e acumular as riquezas materiais. O modelo de suas cavalariças, por exemplo, ainda é objeto de estudo e imitação.

Porém, após a queda do Império Romano, o caos também tomou conta da produção na Europa.

A fome, os saques e pilhagens praticados pelos bárbaros invasores e pelos supérstites da ordem romana tornaram impossível a formação de reservas alimentares para o inverno ‒ especialmente rude na Europa setentrional.

Para pior, nos tempos do Império Romano a produção agrícola era vista com menosprezo. Julgava-se digna de seres inferiores e era quase toda garantida por servos escravos. Resultado: poucos sabiam aproveitar bem a terra e faltava comida.

A visão cristã da agricultura devolveu sua nobreza ao trabalho da terra e promoveu uma retomada num patamar altamente produtivo.

EXEMPLOS DE VIDA DOS ABADES SANTOS DE CLUNY

Celeiro: o teto é de 1275 aprox.

Os monges beneditinos assumiram a liderança do movimento de restauração da atividade agro-alimentar. Foi a “revolução verde” medieval que gerou uma riqueza em quantidade e variedade de alimentos até então desconhecida.

O problema vital de conservar os alimentos até a próxima safra, colheita ou simplesmente até o próximo verão foi resolvido magistralmente pelos monges de São Bento.

Cluny criou uma escola de aproveitamento da terra e dos recursos que até hoje causa admiração.

A abadia foi demolida facinorosamente pela Revolução Francesa, porém, ficam prédios que são exemplos característicos da grandeza da escola agrícola cluniacense.

Veja-se o exemplo do granel, ou celeiro, destinado a proteger grãos e farinhas da intempérie, mofos, pragas e animais predadores durante o ano todo até a próxima colheita.

Andar inferior do celeiro

O celeiro de Cluny foi um dos poucos edifícios que se salvou da depredação revolucionária.

Ele foi construído no século XIII, mais provavelmente por volta de 1275. Ele ficava no canto sudeste do imenso complexo constituído pela abadia e suas dependências.

A construção é de tal maneira harmoniosa e acolhedora que foi transformada em museu. Ali são exibidos incontáveis objetos produzidos pelos monges, restos dos prédios demolidos e modelos de Abadia de Cluny.

“Torre do Moinho”, ou “Torre dos queijos”, colada no celeiro

O prédio do celeiro está semi-enterrado e tem dois andares. O de baixo é mais frio e úmido (ideal para vinhos e queixos), e o de cima é arejado e seco encima para os grãos. Desta forma ficava garantida uma temperatura ideal para conservar os diversos alimentos.

Apenas a parte superior sobressaia do chão permitindo a abertura de janelas para ventilação e iluminação.

O imenso telhado foi feito de madeira de carvalho e castanheira. Até hoje é o mesmo da época.

Para se ter uma idéia de como foi bem feito, basta considerar que tendo sido construído por volta de 1275, no início do século XX precisou apenas de uma restauração muito leve para virar museu.

Quer dizer 625 anos de existência e uso quase sem danos relevantes!

Panorâmica da cidade: no centro a Torre do Moinho e o celeiro

No andar inferior está o porão (nível mais baixo, parcialmente subterrâneo). A farinha era armazenada no andar superior ou celeiro.

O celeiro atual, entretanto, é só uma parte do original. Ele foi reduzido em comprimento durante as adições do século XVIII para o mosteiro. Agora estende-se 36 metros para dentro das paredes da abadia.

Por ali podemos considerar a grandeza do projeto original.

Cluny segundo gravura. A Revolução destruiu quase tudo.

À direita encontra-se a “Tour de Moulin” (a “Torre do Moinho”) da mesma data.

O moinho foi outra das grandes invenções medievais. O moinho das abadias aproveitava energias renováveis ‒ o vento, a correnteza dos rios ‒ e como seu nome indica servia originalmente para moer os grãos e fazer a farinha.

Fachada de Cluny, gravura

Portanto, em Cluny ficava colado no celeiro. A Torre do Moinho é também conhecida como “Tour des Fromages” (“Torre dos Queijos”) pela utilização do andar enterrado para conservar os derivados do leite.

O moinho medieval, com o tempo virou uma fonte de energia que propulsionava incontáveis tipos de máquinas simplificando os trabalhos e multiplicando a produção por várias vezes.

Ainda sob este ponto de vista, as abadias beneditinas, e notadamente Cluny contribuíram para o desenvolvimento econômico e o enriquecimento medieval.

COMO ERAM E COMO VIVIAM OS MONGES DE CLUNYCluny, a Jerusalém celeste encarnada (1)
Cluny: o “exército do Senhor” na Jerusalém celeste encarnada (2)
Cluny: o “fasto” e a “hierarquia angélica” na Jerusalém celeste encarnada (3)
Cluny, monges-guerreiros e “anjos do Apocalipse” na Jerusalém celeste encarnada (4)
Cluny, como viviam os monges da Jerusalém celeste encarnada (5)
São Bernardo: reação para segurar a queda de Cluny (6)
A decadência de Cluny e o ocaso da Cristandade medieval (7)

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2 Comentários »

  1. eu adorei esse site, pois encontro as respostas que eu preciso , mais tambem acho que poderia melhorar colocando mais informaçoes

    Comentário por laura — 22 novembro 2012 @ 9:29 | Responder

  2. adorei

    Comentário por k2a — 2 dezembro 2013 @ 1:11 | Responder


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